domingo, 7 de fevereiro de 2010

Êxodo: uma jornada marcada pela presença de Deus

PARTE III: ÊXODO 25 - 40
Uma reflexão sobre dedicação

Talvez uma forma de resumir o livro do Êxodo seja a que segue: Êxodo 1 a 18 revela o poder do Deus que guarda seu povo e intervém a seu favor. A reação humana envolve dependência ao longo da vida. Êxodo 19 a 24 revela os princípios do Deus que guia seu povo e o instrui. A reação humana envolve direção ao longo da vida. Êxodo 25 a 40 conclui, apontando para a presença de Deus que manifesta sua glória ao seu povo e o inspira. A reação humana envolve a dedicação ao longo da vida. Um não existe sem o outro e tudo culmina em seu final.

Todo o livro aponta para o contexto do Tabernáculo. O povo foi liberto para glorificar a Deus e isso aconteceria envolvendo a prática no Tabernáculo. Deus o descreve a Moisés. Moisés designa líderes e tarefas para construí-lo. O povo dedica o que tem. Mas... nem tudo foi tão simples assim quanto possa parecer. Enquanto Moisés está com Deus conversando sobre o Tabernáculo, o povo está com Arão conversando sobre um bezerro. Enquanto Moisés se maravilha com a excelência indescritível da habitação de Deus, o povo se perde na exuberância idólatra de uma imagem de ouro. Moisés desce do monte, vê a cena insana e quebra as tábuas da lei atirando-as ao chão. Talvez devesse quebrá-las na cabeça de Arão.

Mas será que é muito diferente conosco? Ao invés de esperarmos para fazer o que Deus quer, precipitamo-nos na realização de nossos projetos. Deus é esquecido e construímos nossos próprios deuses. Não temos paciência e queremos logo uma resposta. Escolhemos o que faremos, ao invés de esperar para saber o que devemos fazer. Assim, construímos nossos bezerros e perdemos os projetos de Deus. Ofertamos o que temos, mas às causas erradas. Damos o que possuímos, mas com as motivações corrompidas. Fazemos o que não podemos, desperdiçamos tempo e dinheiro com o que não devemos. E assim, Deus perde seu espaço e sua glória se ausenta.

O povo fez o que não podia, ofertou o que não devia. Então, Deus disse que não iria com o povo. Moisés intercede pelo povo. Ali ele pediu: “Se a tua presença não for conosco, não nos retire deste lugar”. Precisamos aprender a dizer o mesmo: “Deus, eu errei. Falhei contigo. Fiz o que não devia. Escutei quem não podia. Utilizei o que tinha com o que não valia a pena. Preciso de ti. Vá comigo. Se assim não for, não me mandes embora. Quero sair daqui apenas se for contigo.” A reação de Deus é atender o desejo sincero de nosso coração.

Ele fez assim com Moisés e o povo. Diante da nova possibilidade, agora o povo muda de atitude. E mudou radicalmente, dedicando tudo o que tinha para a construção do Tabernáculo. Chegou ao ponto de tamanha dedicação que os líderes pediram para que parassem de ofertar. Já parou para pensar na cena? Um povo que antes estava perdido em seus desejos e atraído por um deus que eles mesmos construíram, agora se arrepende e dedica tudo o que possui para Deus a ponto de Moisés dizer: “Chega! Temos o suficiente!”. É o sonho de toda comunidade cristã. É o sonho para todo o mundo: pessoas que se dedicam total e fielmente pela causa mais nobre que existe. É a realidade de dar sem limites, ajudando a que o projeto de Deus se realize.

O quadro final do livro é claro: onde se tem dedicação total e disposição completa, Deus se faz presente. Sua glória se manifesta. Pessoas são abençoadas. O lugar é preenchido com a plenitude do Senhor. A mensagem do livro do Êxodo ainda nos ensina hoje: Ao dependermos de Deus, sendo guardados pelo seu poder e ao sermos direcionados pelos seus princípios, dedicaremos tudo o que temos e a presença de Deus se manifestará.

O mundo precisa de Deus. E se Deus não tem se manifestado tanto no mundo como poderia é porque a igreja não tem se dedicado a Deus como deveria. Antes, tem construído seus próprios bezerros. Tem feito seus próprios deuses. Não tem sido levado pelo projeto de Deus, mas pelos próprios projetos. Tornam-se igrejas que pedem dinheiro para seus deuses e para se enriquecerem, ao invés de construírem o reino de Deus de amor, justiça e retidão, atendendo seu chamado. Servos que se tornam senhores, egoístas, auto-centrados, manipuladores de multidão. Um povo egoísta, interesseiro, que busca sua segurança e barganhas com Deus, ao invés da missão que envolve doação e serviço. Onde não há dependência do poder dos céus, não há Deus. Onde não há direção a partir dos princípios do Senhor, não há Deus. Onde não há dedicação ao Rei dos reis, não há manifestação da presença de Deus.

É tempo de pensar. É tempo de avaliar. É tempo de mudar. O povo de Israel mudou. Trocou o bezerro pelo Tabernáculo, a luz reluzente do ouro pela luz infinita da glória de Deus. Hoje é possível fazermos o mesmo. O mundo precisa da glória de Deus. O mundo precisa de Jesus, aquele que é o Tabernáculo de Deus que habitou entre nós e manifestou a glória do Pai. O mundo precisa da igreja, lugar onde o Espírito de Deus habita e que tem a missão de se dedicar a fim de revelar essa mesma glória do Pai.

Somos chamados para depender de Deus. Somos chamados para termos sua direção. Somos chamados para nos dedicarmos. Somos chamados para glorificar. Chegou a hora. Vamos atender o chamado?

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